Quer passar em concursos? Veja 10 dicas imperdíveis do professor Trindade
João Trindade
Dicas para passar em concurso
As dicas a que se refere o título dizem respeito, evidentemente, à prova de Língua Portuguesa.
1. LER MUITO
Malba Tahan certa vez afirmou: “Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê”, e eu acrescentei: “e não escreve”!
Costuma-se reclamar da interpretação de textos, mas os alunos, em geral, desdenham das aulas sobre interpretação, não leem e se preocupam, excessivamente, com a gramática.
Vejo muitos que dizem: “mas professor, eu leio muito: leio a Veja, a Folha de São Paulo...”.
Embora esse tipo de leitura seja útil, não serve para a prova de Português; é útil na prova sobre atualidades. Só o texto literário ensina a vida, a gramática, “abre” o raciocínio e prepara, realmente, para a interpretação.
Ler - e muito – Machado de Assis, Drummond, Rubem Braga, Graciliano Ramos, entre outros, prepara, realmente, para a interpretação.
Em geral, quando você fala nisso, o aluno exclama: - Mas não cai literatura nesse tipo de concursos; só cai em vestibular.
Ledo engano. Realmente, não se cobram as escolas literárias, mas a estrutura literária é fundamental para entendimento de textos. É bom frisar que as provas geralmente apresentam mais de um texto: um de natureza literária e outro de natureza jornalístico-científica; não são raros textos de Machado de Assis (crônicas) e Carlos Drummond de Andrade (crônica e poesia).
2. ESQUECER A EXPRESSÃO SEMPRE
Uma praga do ensino brasileiro é a mania que muitos professores têm de ensinar dizendo: “Isso é sempre assim...”.
Exemplos perniciosos e mentirosos:
O “lhe” é sempre objeto indireto.
Não é. Há frases em que o “lhe” é adjunto adnominal, ou complemento nominal.
O aposto vem sempre entre vírgulas.
Mentira. Há, inclusive, um aposto que não admite vírgula: o aposto especificativo.
Sempre haverá vírgula depois do “mas”.
Não é verdade. Só haverá vírgula depois de mas se o elemento que vem à frente o exigir.
3. ESTUDAR OBSERVANDO O CONTEXTO, E NUNCA A REGRA, ISOLADAMENTE.
Os concursos hoje são muito ligados à semântica (Ciência que estuda os significados). De modo que não adianta mais o candidato decorar regras; tem que observar o contexto.
Por exemplo:
Na frase: “O olhar dela e triste”, olhar é substantivo (está antecedido de artigo), embora a palavra olhar, isoladamente, seja verbo.
4. CONFERIR A ORGANIZADORA
Cada organizadora tem seu “jeito” de cobrar o assunto; por isso, é importante praticar com base em provas anteriores daquela organizadora.
5. APRENDER ANÁLISE SINTÁTICA
É bobagem querer passar em concurso sem saber, detalhadamente, a análise sintática. Para que se tenha uma ideia, dependem da análise sintática as questões sobre crase, regência, pontuação, concordância e colocação pronominal. São muitos os candidatos que nos dizem:
- Professor, quero aprender pontuação, mas não quero saber aquela história de sujeito e predicado, não.
Impossível.
Observe, por exemplo, o seguinte:
Há uma regra de pontuação que diz: “Quando a oração subordinada adverbial vier antes da principal, a vírgula será obrigatória; quando estiver intercalada, idem; quando vier depois da principal, a vírgula é opcional”. Como o candidato aprenderá isso se não souber reconhecer uma oração adverbial?
6. CONHECER OS ASSUNTOS RECORRENTES EM PROVA
Os assuntos que mais “caem” em prova são:
Correspondência de tempos verbais.
Transposição de vozes verbais.
Pontuação.
Interpretação de textos.
Crase.
Colocação pronominal.
Estrutura sintática do período.
Concordância verbal.
7. NÃO COMEÇAR A PROVA PELA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
O ideal é dar uma olhada na prova toda, fazer as questões mais fáceis (duas ou três) e ir para a interpretação de textos. Jamais deixe as questões de interpretação para o final. É suicídio!
8. TER MUITO CUIDADO COM APOSTILAS
É preferível estudar por bons livros de gramática. Geralmente, as apostilas, no intuito de simplificar, terminam prejudicando o leitor com informações parciais e, por conseguinte, erradas.
Exemplo:
São muitas as apostilas que ao falar sobre adjunto adnominal dizem:
“Classes de palavra que são, sintaticamente, adjuntos adnominais:
a)artigos.
b)pronomes.
c)numerais.
d)adjetivos.
e)locuções adjetivas.”
Ora, nem todo pronome ou numeral é adjunto adnominal. Só exercem tal função o pronome adjetivo e o numeral adjetivo.
Exemplos:
“Teu sonho não acabou” (teu = adjunto adnominal).
Meu sonho é teu (teu = predicativo do sujeito).
Duas pessoas ficaram feridas (duas = adjunto adnominal).
“Éramos seis” (seis = predicativo do sujeito).
O adjetivo, por sua vez, só será adjunto adnominal se estiver preso ao substantivo; se não, será predicativo.
Ela vestia uma saia curta (curta = adjunto adnominal).
Ela chegou à reunião, chateada (chateada = predicativo do sujeito).
9. JAMAIS ACREDITAR EM MACETES
Nenhum macete é 100%. O ideal mesmo é aprender, ainda que isso às vezes demande tempo. Não há mais provas decorebas, que possam ser resolvidas por macetes.
10.NÃO DEIXAR PARA ESTUDAR SOMENTE QUANDO SAIR O EDITAL
É impossível se preparar em tão pouco tempo.
Correio da Paraíba
Foto: Ilustrativa da Internet
Category: EDUCAÇÃO
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